É a sua primeira visita?

Entenda a Minha História.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Reencontro.

Venho aqui hoje, com o coração partido, informar que a mana Minnie foi levada semana passada para dormir o sono eterno dos merecedores.

Com muita dor na região da barriga, lambendo freneticamente a pele na tentativa de obter algum conforto, com dificuldade para andar e fazer suas necessidades devido ao câncer se espalhando por toda a região, ofegante por causa do calor absurdo beirando os 44 graus que fez nos últimos dias, papai e mamãe decidiram que seria o melhor para ela.

Que acabaria assim, todos nós já sabíamos.

Leia Mais...

É lutar uma batalha perdida.
É ter garra onde não há esperança.
É esperar enquanto não se tem mais tempo para nada.
É deixar partir quando se ama muito.
É amenizar a dor, mesmo que isso signifique nunca mais se ver.

Quem já passou por isso sabe.
Quem já passou por isso já sentiu a culpa no coração. Culpa por não poder fazer nada mais. Culpa por brincar de Deus, escolhendo um dia e hora para dar fim à uma vida.

Quem já passou por isso já sentiu também o alívio.
Alívio por ter poupado uma vida da dor insuportável de um corpo doente e velho.
Alívio por ter ajudado um ser vivo que de maneira alguma merecia sofrer.

E quem já passou por isso, também sentiu depois a certeza.
A certeza de que essa foi a escolha certa.
De que, de todas a opções, essa era a única que viria a fazer alguma diferença.
E por mais difícil que tenha sido, escolhemos o que por toda a vida tentamos evitar.
A morte.

E quem já teve que passar por isso, sabe o quanto de lágrimas derramamos.
Naquele último abraço em volta do pescoço do corpo deitado.
Naquele último olhar nos olhos cansados.
Naquele agradecimento que falamos baixinho, em soluços, mas que sabemos que foi ouvido.
No silêncio da volta pra casa.
Quando você sabe que quem você deixou não vai estar lá para te receber quando você entrar.

E só nos restam lembranças.
A coleira.
A caminha.
A toalha.
O resto da comida no pratinho.
E os milhões de momentos que tivemos durante uma vida toda. Esses, jamais serão esquecidos.
Não importa quanto tempo passe. Nem quantos animais venham depois desse.

São todos únicos e insubstituíveis.
Cada um com seu jeitinho especial.

E depois que tudo se acaba, olhamos para o Céu.
Lá está ela. Brilhando. Feliz. Curada.
A mana Minnie.

Mamãe acredita que para os amigos nunca dizemos Adeus.
Porque o reencontro é certo quando a amizade é verdadeira.
Nessa vida, ou em outras mais.


Então mana Minnie, até breve!

Descanse em Paz.

Ler Próximo Post.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Partes de Uma Vida.

Faz um tempinho que estou enrolando pra contar isso pra vocês, mas hoje resolvi sentar aqui e falar tudo de uma vez.

Sabe minha mana Minnie, né?
Em dezembro de 2008 ela passou por uma cirurgia para retirar tumores enormes das tetinhas dela.
Antes de perguntar porque eles estavam tão enormes assim e minha mãe não fez nada, deixa eu explicar: minha mãe e meu pai tinham um veterinário de confiança que cuidava das manas fazia quase 10 anos, ele atendia em casa porque as manas não gostavam de carro, era muito stress, então quando precisava, a mãe ligava e ele vinha em casa ver as manas.

Leia Mais...


Bom, esse veterinário sempre falava que aquelas "bolas" na barriga da mana Minnie eram "nódulos de gordura" e que poderiam ser retirados para efeito de estética. Ou seja, minha mãe e meu pai somente teriam que submeter a mana à uma cirurgia se eles não quisessem ficar tocando naquilo ou se achassem feio aquelas bolas na barriga dela. Claro que esse nunca foi o caso. Parecia que ela estava com as tetinhas inchadas, essa era a visão. Mas quando se tocava, dava pra ver que era bem duro.

Bom, aí minha mãe resolveu me adotar, e depois que a mana Kelly foi pro Céu, a mana Minnie ficou meio ruinzinha. Ao invés de chamar o veterinário de sempre, minha mãe resolveu levar a Minnie na mesma doutora que eu vou, e que minha mana ferret Mimi foi tratada. A doutora brigou com ela perguntando como que ela não tinha visto aqueles tumores cancerígenos antes!

Minha mãe quase teve um treco. TUMORES??? São nódulos de gordura!!!
"Não, não são, são tumores enormes que provavelmente já devem ter se espalhado para todos os outros órgãos! Vamos fazer alguns exames e interná-la imediatamente!"

E foi aí, em dezembro de 2008, que a mana ficou 10 dias internada para retirada de toda cadeia mamária. Felizmente e milagrosamente os tumores não se espalharam, e olha que eles estavam dentro do corpo dela por 4 anos! (E o doutor lá falando que era gordura...)


Bom, em dezembro do ano passado nova cirurgia foi marcada, porque os tumores voltaram. Porém, quando a veterinária trouxe os exames para o papai, falou que seria impossível realizar a operação, porque a barriga dela estava muito irritada e vermelha, e provavelmente era porque o câncer tinha ido para a pele da barriga também. Teríamos que acalmar a pele da barriga primeiro, para depois fazer a cirurgia para retirada dos tumores.

Para isso foi contratada uma especialista em oncologia, que consultou a Minnie juntamente com a doutora que cuida de mim, porque a idéia era fazer algumas sessões de quimioterapia para que o câncer regredisse um pouco, fazendo assim a operação ser possível.

Acontece que quando a doutora viu a barriga da mana ela se assustou, e disse sinceramente que a quimioterapia para o tipo de tumor dela não traria benefício algum.

Tentamos alguns remédios fracos, outros fortes, para pelo menos aliviar o incômodo da barriga da mana, mas esses só trouxeram vômitos, diarréias e indisposições. Foram cortados os remédios.


A mana Minnie já tem 13 anos. Desses 13, onze foram aqui com o pai e a mãe.
Ela está agora nas mãos de Deus. Papai e mamãe estão cuidando dela e fazendo compressas na barriga dela para aliviar a dor que ela sente ali, porque a pele da barriga dela parece borracha rosa, de tão ruim que está.

Se a quimioterapia não adianta, e sem a regressão do tumor não há como realizar a cirurgia para remoção, então papai e mamãe decidiram que vão deixar a mana assim até quando Deus quiser e permitir.

Enquanto ela estiver comendo e bebendo, enquanto ela estiver abanando o rabinho, pulando em cima de todo mundo e mordendo a coleira para passear, ela vai ganhando mais e mais dias para viver.

Que sejam felizes.
Que sejam dignos.
Que se faça valer cada momento do pouco que resta.


E, se um dia, ela acordar com aquele olhar sofrido pedindo ajuda, somente uma coisa poderá ser feita.

Por mais que doa ou que se derramem lágrimas, estaremos todos lá para ajudá-la a partir em paz e sem dor.

Mana Minnie, aguente firme aí! Nós te amamos muito!


Ler Próximo Post.

 
^