Era uma vez um gatinho...
Ele era cinza e branco e muito bonitinho.
Assim que desmamou, conseguiu uma família.
Compraram mimos e mais mimos para ele.
Sempre que alguém ia visitar a família, a família orgulhosamente mostrava o gatinho recém adquirido:
-Olha o que pegamos, não é uma fofura?
-Lindo sim! Parabéns!
O gatinho pensava "Uau, minha família me ama e tem orgulho de mim! Sempre me pegam para me mostrar às outras pessoas!"
Ele não se importava que estivesse dormindo. Super feliz, ia ao encontro das pessoas sempre que elas chegavam à casa. Afinal, era muito amado.
Os dias foram passando e aconteceu seu primeiro vômito. Infelizmente, bem em cima do tapete da dona da casa.
-OLHA O QUE ESSE GATO FEZ! BATE NELE PRA ELE APRENDER A NÃO FAZER ISSO!
E nosso gatinho apanhou pela primeira vez na vida, sem entender direito o que tinha acontecido.
Com seis meses, a família já não o mostrava para as visitas com tanta frequência. "De certo é porque eles sabem que estou dormindo e não querem interromper o meu soninho" pensava ele em sua ingenuidade.
Sua caixinha, que antes era limpa diariamente, chegava a ficar agora 3, 4, 5 dias sem limpar. Um dia, de tão suja que estava, ele fez suas necessidades em outro lugar escondido para que ninguém visse. Escondeu tudo numa terrinha que ele encontrou num cantinho e voltou para o sofá, sem perceber a terra preta embaixo de suas patinhas brancas.
Quando a dona chegou em casa e viu seu sofá claro todo sujo de terra, com toda sua força jogou sua pesada mão em cima das costas do gatinho que ali dormia. Mais uma vez, confuso e dolorido, o gatinho foi se esconder. Chorava por dentro "O que eu fiz de tão terrível para merecer uma surra dessas?"
Os meses foram passando, e ninguém mais ligava para o gatinho. Quando as visitas chegavam, ele alegremente ia para a porta da frente recebê-los, como quando era pequeninho, mas agora era enxotado aos pontapés "Sai daqui gato chato!" gritava a família, envergonhada perante as visitas.
Muitas vezes nosso gatinho foi ao encontro de seu potinho de comida e encontrou-o vazio. Faminto, tentava tapear sua barriguinha com farelos da cozinha. Cansou de correr da vassoura enquanto estava tentando se alimentar de restos.
Tristemente abandonado, ele percebeu que a "fofura" de antes tinha crescido, e hoje ninguém da família queria cuidar dele ou se orgulhava dele.
Sentindo-se um peso, decidiu partir mundo afora. Não por curiosidade, mas por necessidade de buscar alimentos e para não dar mais trabalho à sua família, que sentia-se visivelmente irritada com sua presença onde quer que ele estivesse.
Reclamavam dos pêlos pela casa, dos vômitos, das necessidades fora da caixinha quando a caixinha estava suja. Esqueciam de comprar ração, não ligavam se ele estava doente ou deprimido.
Nosso gatinho passou dias e dias na rua, em busca de alimentos. Revirou lixos, restos de coisas que as pessoas jogavam no chão, bebia água do esgoto, as vezes da poça que a chuva fazia.
Até que um dia, ao tentar atravessar a rua para revirar os sacos de lixo do outro lado, um caminhão passou por cima do seu magro corpinho.
Ele sentiu cada ossinho de seu corpo ser esmagado completamente. Sentiu seus órgãos serem colados um no outro, triturados. A dor era insuportável.
O caminhão sequer se importou em parar. Continuou o seu caminho como se nada tivesse acontecido.
Alguns minutos depois, no que deveria ser seu último suspiro, ele sentiu seu corpinho sendo carregado. Uma voz fina chorava em agonia.
Ele sentiu-se abraçado por uma toalha macia, que logo ficou gelada de tanto sangue.
Na mesa cinza do veterinário, ele ouvia a vozinha fina chorando.
Com muito esforço, abriu seus olhos.
O que ele viu ali foi a imagem mais linda que essa vida já lhe ofereceu.
Uma moça jovem, chorando, pedindo à Deus que o gatinho resistisse.
A luz que vinha dela era impressionante. Um anjo.
Sentindo-se feliz, ele começou a ronronar. A moça botou-se a chorar mais ainda.
Ali, naquele momento, aquele gatinho agradecia humildemente por aquele amor recebido tão repentino. Um amor tão puro, tão intenso.
E reciprocamente, a moça desculpava-se ao gatinho. Desculpava-se pelas pessoas que fazem isso com seus animais. Desculpava-se pela falta de tudo que o nosso gatinho tinha passado. Desculpava-se pela educação do ser humano.
Segundos depois, ele morreu.
Deixou seu corpo jovem e cansado, esmagado pela maldade humana, ensanguentado pelo descaso.
Para ele, valeu a pena chegar aqui.
Viver até aqui, para encontrar, mesmo que em seu último minuto de vida, um ser humano tão cheio de amor, de carinho para dar aos animais.
Chegando no Céu, o gatinho foi falar com Deus.
-Deus, porque alguns humanos são tão insensíveis e outros são tão puros?
E Deus respondeu, afagando sua cabecinha pequena.
- Para dar valor ao Bem você precisa conhecer o Mal. Se as pessoas insensíveis não existissem, ninguém daria valor às pessoas de bom coração.
E o gatinho deitou no colo de Deus, e Ele continuou a acariciar sua cabecinha.
Moral da História:
Enquanto houver UMA pessoa do Bem para cada 10 pessoas do Mal, ainda valerá a pena.
Para cada 5 amigos que te dão as costas, você encontra UM verdadeiro que te apóia.
E essa pessoa faz valer a pena.
Enquanto 6 abandonam seus animais, UM adota.
Somos minoria, mas nem por isso somos mais fracos!
Prova disso está no fato de que, com apenas uma lâmpada é possível matar toda uma escuridão.
Você, pessoa de bom coração, continue fazendo a sua parte. Continue iluminando vidas e caminhos.
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Leve se quiser. Ponha no seu blog se tiver tempo.
E independente de qualquer coisa, obrigada por estar aqui agora.
Principalmente, obrigada por amar e respeitar os animais.
E obrigada por ser a pessoa maravilhosa que eu sei que você é.
Beijo de nariz!
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